sábado, 22 de dezembro de 2012

Artista Fotógrafa Alemã - Visões do espaço


Candida Höfer: visões do espaço



Desde o início de sua trajetória, a artista Candida Höfer vem se dedicando a fotografar lugares que carregam uma história. A maioria de suas obras mostra espaços interiores, lugares de encontros, comunicação e saber. São espaços vitais criados pelo homem, espaços com uma função.

Com frequência são espaços interiores suntuosos, em ambientes espetaculares. Mas as imagens de Candida Höfer mostram também, à primeira vista, espaços aparentemente discretos, que só contam suas histórias quando observados detalhadamente. No fim dos anos 1960, a fotógrafa começou a abordar determinadas temáticas em suas obras, que seriam mais tarde retomadas de maneira mais abrangente: são fotografias de salas de espera, estações ferroviárias ou de estruturas arquitetônicas num sentido mais amplo do termo. Durante uma curta estadia em Liverpool, Höfer, nascida em 1944, criou em 1968 fotografias inspiradas no grupo de poetas The Liverpool Scene, estabelecendo, desta forma, uma ligação imediata com o trabalho dos mesmos. Já naquela época, em Liverpool, a artista voltava seu olhar para espaços internos configurados pelo homem.

Os anos anteriores à Academia de Artes de Düsseldorf

As imagens de Liverpool foram feitas muito antes de Candida Höfer começar a frequentar a Academia de Artes de Düsseldorf. Antes disso, ela havia trabalhado como fotógrafa autônoma em Colônia. Entre 1963 e 1964, foi aprendiz no Ateliê Schmölz-Huth, na mesma cidade. A seguir, estudou quatro anos na hoje extinta Werkschule de Colônia – Escola de Artes, Arquitetura e Design. A seguir, trabalhou durante mais dois anos como fotógrafa autônoma. Entre 1970 e 1972, Candida Höfer tentou, em Hamburgo, reconstruir a técnica da daguerreotipia para o fotógrafo e colecionador Werner Bokelberg – uma incumbência que proporcionou a ela o acesso a interessantes bibliotecas e arquivos fotográficos.

“Turcos na Alemanha”


De volta a Colônia, a fotógrafa percebeu as mudanças em sua cidade de origem de maneira consciente e positiva. A vida na região central havia mudado em função do número crescente de migrantes, entre estes muitas famílias turcas. Foi quando a artista deu início ao projeto Turcos na Alemanha, ao qual se dedicaria durante seis anos, fotografando interiores de diversos estabelecimentos comerciais, casas de chá, bem como pessoas em parques ou em suas casas. A este tema Candida Höfer se dedicou até 1979, quando, para finalizar o projeto, reuniu em uma projeção sob o mesmo título 80 slides em cor. Paralelamente, ela começou a estudar na Academia de Artes de Düsseldorf em 1973. Como naquela época não era possível estudar Fotografia especificamente, Höfer optou pela cadeira de Cinema coordenada por Ole John até 1976, para então cursar Fotografia com Bernd Becher até 1982.

A aura define o tema das obras

Naquele momento, Candida Höfer descrevia com as seguintes palavras seus trabalhos sobre espaços internos: “Fotografo espaços públicos e semipúblicos de épocas distintas. São lugares abertos ao acesso de qualquer um. São praças do encontro, da comunicação, do saber, do relaxamento, do descanso. São parques em spas, hotéis, salas de espera, museus, bibliotecas, universidades, bancos, igrejas e há alguns anos jardins zoológicos. Todo espaço tem uma função e as coisas dentro destes espaços quase sempre têm também uma função”, dizia a fotógrafa. Em sua escolha do tema para uma fotografia, Candida Höfer nunca se guiou pelo assunto em si, como por exemplo pelo desejo de fotografar “bibliotecas” em geral, mas sempre pela aura que, a seu ver, esses lugares emanam. A artista observa os espaços sob a perspectiva de sua história, organização, sequência, estrutura e funcionalidade. E somente ao agrupar essas fotografias ao lado de outras de temática semelhante, em meio à avalanche de obras que vão surgindo paralelamente, como por exemplo as fotografias de museus ou as de bibliotecas, é que surge a questão da utilização desses espaços.


Um zoológico de esculturas

Candida Höfer, uma das mais conceituadas artistas alemãs contemporâneas, só trabalha com a luz existente no local e nunca cria ela própria uma iluminação artificial. Mesmo preferindo o registro do espaço em uma atmosfera criada pela luz do dia, Höfer integra em suas imagens, se disponível e se for parte integrante do espaço, também a iluminação artificial do lugar. Ao contrário das fotografias de interiores, que só raramente mostram pessoas, a série de zoológicos fotografada por Candida Höfer desde 1990 expõe sempre seus “habitantes”. Um jardim zoológico funciona de certa forma como um museu, no qual os animais são expostos no espaço no lugar de esculturas, por exemplo. Ou seja, o interesse de Candida Höfer por interiores, que sempre são criados para um determinado fim, é perfeitamente comparável à sua motivação para reproduzir jardins zoológicos. Nos diferentes espaços em sentido amplo, misturam-se os aspectos que a fotógrafa enfoca em suas obras: organização, sequência, história, função, espaço vital e também a experiência sensorial e qualitativa do ambiente. 
Anne Ganteführer-Trier
é historiadora da arte e especialista em fotografia da casa de leilões Van Ham, em Colônia. É autora de diversas publicações sobre Candida Höfer.

Tradução: Soraia Vilela

Copyright: Goethe-Institut e. V., redação online
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Fonte :  https://www.goethe.de/ins/br/lp/kul/dub/bku/pt10275150.htm
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