terça-feira, 27 de março de 2012

O Livro - Texto de Deuseni Martins


              O sentido da expressão “cultura inútil” é injusto, mal posto. Digo isso porque acredito que todo conhecimento poderá vir a servir em algum ponto da nossa experiência de vida – pode, por exemplo, responder a uma nova questão. Vejamos uma analogia interessante: o nosso corpo – essa máquina complexa - em sua evolução de milhões de gerações, sabe-se que ele gasta energia acumulando proteínas que a princípio não têm finalidade. Entretanto, tais reservas ficam à disposição de algo que poderá ainda vir a ser.  Já que nada se sabe sobre o futuro... torna-se impossível prever uma ameaça à sobrevivência, da espécie humana precisamente. Preservá-la, a espécie, é uma função da natureza, essa que parece trabalhar aleatoriamente, mas também é possível que não, que seja diferente. Daí guarda proteínas...

              Que conhecimento eu tenho pra escrever sobre isso? Nenhum.  Reconheço-me absolutamente ignorante nessa área. Mas tenho curtido livros como a “história da humanidade”, que é fascinante. De forma simples, o autor aborda essa coisa da genética, com informações que nos fazem perceber uma série de funcionamentos e possibilidades antes impensáveis. É um emaranhado de relações que nos força a tentar organizar pelo menos o mínimo. E tentar tirar conclusões práticas, lógico.

              Pois é, o livro. Objeto sempre próximo, ele é “o autor” do nosso entendimento. São  letras que formam palavras, palavras que nos fazem pensar e falar do que nos constitui como seres pensantes: generosidade, virtude, bravura, justiça, sabedoria, compaixão..  .formidáveis não? Nós as inventamos para a expressão da nossa alma. Essa beleza está lá, nos livros que traduzem e descrevem a vida. Façamos conscientes escolhas desses volumes. Eles perpetuam a nossa história e nos fazem viajar e sonhar, sem reserva de tempo ou de espaço, ou sentimento. Eles nos abrem o universo e a mente. Daí guardamos cultura, conhecimento.

              Vocês já viram alguém, ao término da oração, dar um beijo no livro que lhe é sagrado?

              Não se espantem se virem, na livraria, alguém abrir as páginas do livro e cheirar, e acariciar a capa.  E espontaneamente beijar esse amigo e dizer – vamos?

                                                                                                                      Deuseni Martins  

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