quinta-feira, 18 de abril de 2013
Fortaleza CE,Trajetórias: Arte brasileira na coleção Fundação Edson Queiroz, destaque artista Antonio Bandeira, 22/04 à 08/12/13
Obra do pintor cearense Antônio Bandeira é destaque em mostra do Acervo da Fundação Edson Queiroz
A arte de Antônio Bandeira (1922-1967) é singular, simples e delicada. Expressa em traços firmes. Numa explosão de cores, demonstra o caráter experimental do pintor, desenhista e gravador, natural de Fortaleza, que, aos poucos, vai se afastando do figurativo e parte para a deformação total dos seus objetos. Ele tem lugar de destaque na exposição "Trajetórias: Arte brasileira na coleção Fundação Edson Queiroz", em cartaz no Espaço Cultural Unifor.
Obras da fase abstrata de Antônio Bandeira e autorretratos do artistas integram a exposição "Trajetórias: Arte brasileira na coleção Fundação Edson Queiroz"
A intuição sempre falou mais alto na arte de Bandeira, ao criar uma pintura que, pela sensibilidade de sua expressão, parece poesia a dialogar com o mundo ao seu redor. Considerado um dos principais representantes do "abstracionismo lírico" no Brasil, cuja crítica compara seu trabalho ao de um dos ícones dessa tendência, o pintor suíço Paul Klee (1879-1940), Antônio Bandeira é considerado pela crítica um grande experimentalista, qualidade que constitui a gênese de sua obra.
Figurativo e abstrato
A mostra reúne trabalhos do artista relacionados às décadas de 1940 a 1960. Contempla, portanto, a arte de Bandeira em sua pluralidade. Há desde o figurativo, de tons modernistas, "Autorretrato", de 1946, até "Composição", de 1958, obra em nanquim, guache e aquarela, exemplo da fase em que o artista começou a deformar os objetos que criava, influenciado pelo abstracionismo informal, enfatizando as pinceladas fortes e as cores. Ora passeiam entre o azul, o laranja, o branco e o preto, conforme os trabalhos do artista, que captou com o seu olhar, uma cidade que ultrapassava a dimensão geográfica. Era a cidade imaginada pelo pintor, daí a sua luz exuberante. Além de "Paysage azul", óleo sobre tela, de 1964 e a trilogia "Abstração", também dos anos 1960. Nesta fase, o artista, que sempre perseguiu uma arte não acadêmica, havia rompido totalmente com a figurativo e com as formas definidas.
O artista criava pinturas marcadas pela beleza poética no uso das cores e o apelo psicológico. Isso fez com que alguns críticos enquadrassem suas criações no abstracionismo lírico, movimento esboçado no bojo das vanguardas artísticas europeias (final do século XIX e início do século XX), com tendência entre o abstracionismo informal, que valorizava as cores, bebendo também na fonte do expressionismo abstrato, com ênfase no inconsciente, na intuição e no impulso. Daí Bandeira destacar-se por suas pinceladas que mais pareciam jatos de tinta, inspirando, em alguns momentos, a bidimensionalidade nas suas telas.
No entanto, logo a Cidade ficou pequena para comportar tanto os sonhos do jovem e promissor artista quanto a sua arte. Seu êxodo começa em 1945, quando viaja para o Rio de Janeiro, aos 23 anos, e realiza sua primeira individual no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). Não tardou, o jovem talento cearense conquista um dos principais centros difusores da arte ocidental do mundo, ao ser contemplado pelo governo francês com bolsa de estudos, ficando em Paris de 1946 a 1950.
Trajetória
Desde cedo, Bandeira demonstrou interesse pela arte, em especial pelo desenho, talento que demonstrou ainda na escola. Começou pintar no início dos anos 1940, lançando as sementes do modernismo no Ceará. Ele, juntamente com os artistas Mário Baratta (1915-1983), Raimundo Cela (1890-1954) e Aldemir Martins (1922- 2006) criam o Centro Cultural de Belas Artes (CCBA), responsável pela realização de vários salões de pintura, na época. A iniciativa deu origem, em 1943, à Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), que durou até 1958. Na época, a pintura de Antônio Bandeira era ainda figurativa e retratava a vida "suburbana de Fortaleza".
O artista demonstrava desde cedo seu interesse pela vida urbana, privilegiando em seus quadros as populações marginais, personagens da vida boêmia da cidade. Sua transferência para o Rio de Janeiro, em 1945, foi influenciada pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz (1910-1984), que atuou na Scap. Sua arte foi bem recebida pela crítica, ganhando uma bolsa da Embaixada Francesa para estudar em Paris, para onde seguiu em abril de 1946. Aproveita para aprimorar seus estudos iniciados em Fortaleza sobre pintura, desenho e gravura na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e na Académie de La Grande Chaumière. Depois abandona, já que buscava uma arte não acadêmica. Sua obra dará uma virada, assumindo características experimentais, quando conhece os artistas Wols (1913 - 1951) e Bryen (1907 - 1977).
Exposição
A exposição "Trajetórias: Arte brasileira na coleção Fundação Edson Queiroz" reúne mais de 250 obras do acervo da instituição, mostrando vários momentos da arte brasileira. A coleção apresenta movimentos e nomes de artistas mais significativos de arte brasileira do século XX, ultrapassando a produção de São Paulo e do Rio de Janeiro. A mostra exibe ícones do modernismo, como Candido Portinari, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Lasar Segall, assim como importantes continuadores da vanguarda moderna, a exemplo de Alfredo Volpi, Burle Marx e Samson Flexor.
A arte cearense também tem espaço reservado em "Trajetórias", podendo ser vistas obras de Raimundo Cela, Leonilson, Estrigas, Heloisa Juaçaba, dentre outros. A mostra, que conta com a curadoria do crítico Paulo Herkenhoff e celebra os 40 anos da Universidade de Fortaleza (Unifor). Os trabalhos estão organizados em núcleos por movimentos ou temas, como o modernismo, abstracionismo e arte contemporânea.
Mais informações:
Exposição "Trajetórias - Arte brasileira na coleção Fundação Edson Queiroz", no Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz). Aberta à visitação de 22 de março a 8 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, sábados e domingos, das 10h às 18h. Contato: (85) 3477.3319
IRACEMA SALES
REPÓRTER
Fonte :
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1256140
Mais, Pintor Cearense Antonio Bandeira
http://www.pinturabrasileira.com/artistas_bio.asp?cod=6&in=1
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