Diálogos sobre o futuro MAB
Às 19,50 hs do dia 5 de março do corrente ano teve início a 4ª reunião com a participação de autoridades e artistas convidados a debater sobre a questão da revitalização do MAB. Barja chamou Ana Taveira para dar alguns informes sobre as pesquisas que anda fazendo sobre a documentação do MAB ao que ela relatou ter obtido informações sobre o terreno do MAB, ou seja, a respeito da transferência da TERRACAP para a SECULT do terreno referente à projeção da edificação, que é de 400m X 400m, ou 1.600 m2. Disse que ainda estar levantando informações sobre os outros dois terrenos destinados à Fundação Zumbi dos Palmares. A seguir foi dada a palavra à arquiteta convidada Zeli Dubinevics, que contou haver trabalhado na SECULT por 8 anos, período em que elaborou projeto de reforma para o MAB, seguindo o programa definido pelas pessoas que estavam à frente do museu à época. Esclareceu que o projeto Orla 3 definiu outros terrenos para a SECULT, para a criação de um prédio para a Bienal, que vão da Concha Acústica até o MAB e que um desses terrenos está com a Fundação Palmares e que pela extensão dos terrenos dá para se ter uma ideia do espaço que se pode conseguir. Comentou achar que este processo que está se realizando agora é importante para a definição da nova função do MAB, inserida num programa maior. A seguir apresentou projeto de sua autoria, iniciando pela planta do subsolo, que teria a área de restauro e a reserva técnica, com a proposta de um elevador, que pode ser externo se o tamanho do lote for aumentado. O piso térreo conteria sala expositiva, a área administrativa e um café. No 1o. andar ficaria um auditório de 46 lugares e salas de exposições com paredes móveis, sendo posta uma parede para o isolamento do vidro que existe ali. A cobertura poderia conter um jardim, podendo suportar exposições de esculturas leves. Salientou que esse projeto fora feito para outra época, mas que poderia dar aos presentes uma ideia das possibilidades do prédio. Finalizou, reiterando sua afirmação anterior sobre a relevância da participação dos artistas no novo programa de necessidades museológicas para o acervo que, com certeza, não cabe por inteiro no prédio do MAB. Barja, atuando como mediador, chamou o arquiteto Eustáquio para a apresentação de seu projeto. Este, após apresentação pessoal, falou do projeto arquitetônico que realizou para o prédio da 508 sul, as deficiências de sua execução e a visibilidade alcançada. Discorreu sobre a proposta para o MAB, a pedido de Claudio Teles, e apresentada para o Projeto Orla do governo Roriz, que só foi concluído no governo Cristóvão Buarque. Segundo ele, apesar do fracasso do projeto Orla, este deverá ser novamente objeto de avaliação pela SEDHAB. Citou a oferta de Barja para participar do projeto extra muros do MUN e declarou defender o planejamento urbano e a participação da sociedade nele; disse considerar 300 milhões recurso suficiente para a recuperação do MAB, com bibliotecas e outros equipamentos culturais. Num segundo momento, passou à apresentação de seu projeto, iniciando com a leitura de reflexões sobre Brasília, lidas por sua esposa Guiter, enquanto ele ia apontando na tela as propostas nele contidas: 1) edifício para a Bienal de Brasília, no Parque da Cidade; 2) MAB, no Parque da Cidade, onde hoje são as cavalarias; 3) Museu de Arte Contemporânea, no Setor de Difusão Cultural; 4) Museu Lucio Costa, na área do Buriti, para a preservação da memória candanga; percurso “Mens Sana Corpore Sano”, cruzando as asas norte e sul; 5) sugeriu, por fim, a criação de outros museus como: o Museu da Água, da Terra e do Ar; Museu de Arte e Tecnologia, na entrada da cidade; Museu de Arte Popular, Museu de culinária, junto a um centro gastronômico. Disse que na orla do lago deve prevalecer a escala bucólica e que a Concha Acústica deve ser removida para o Parque da Cidade, salientou a necessidade de ser “flaneur”, de flanar. Apresentou fotos de registros de atividades culturais e as relacionou com o que temos, o que pensamos e o que queremos. Detalhou o projeto do MAB feito para Claudio Teles: a) no térreo, a transparência; b) no 1o andar, a caixa branca; c) no subsolo, a caixa negra. Finalizou, apresentando carta assinada pelo arquiteto Graco M. Santos, Diretor de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB, elogiando seu projeto. Com a palavra Zé Nobre perguntou a Eustáquio qual a origem do projeto e ele respondeu ser fruto de suas observações e vivências na cidade, que deve ser repensada, de modo a permitir maior integração nos passeios dos turistas e visitantes. Falou que o PPCUB é um espaço aberto ao público e quem quiser pode apresentar suas ideias. Ao responder indagação de Allan de Lana, Eustáquio disse ser possível mexer em tudo que se quisesse, porque o que está aí foi feito em momento de políticas retrógradas. Marcelino Cruz elogiou o projeto de Eustáquio, que declarou ser fruto de trabalho sério e dizendo ser hora de pensar Brasília diferente. Zé Nobre quis tirar uma dúvida quanto à localização dos equipamentos propostos. Eustáquio disse ter pensado na acessibilidade, “motum” básico de suas reflexões sobre a possibilidade das pessoas caminharem e criticou a construção do autódromo no local onde está, dificultando essa acesso. Disse que no projeto foram colocadas uma série de ideias, sendo o MAB uma delas; que pensou que se os artistas colaboraram para tirar a Secretaria de Finanças onde hoje é a 508 e que se o ajudaram a conseguir uma área no Altiplano, certamente têm força para retirar a cavalaria do Parque da Cidade. Tarciso Viriato declarou que os artistas são poucos para conseguirem tanto. Paula Andrade falou que o projeto tem prós e contras, mas que o foco é o MAB e pediu que se voltasse a essa discussão. Eustáquio disse que tudo na verdade pode ser repensado, que o MAB pode ficar onde ele previu o MAC e o prédio da Bienal ir para o Parque da Cidade, e que pode se construir no Parque, porque para o Parque ser tombado realmente seria necessária a implantação total do projeto do Burle Marx. Barja interveio e pediu para Eustáquio concluir, a fim de facultar o prosseguimento da reunião e se poder decidir sobre o que deverá ser feito, pois temos o compromisso de informar à Comissão Paritária à qual serão mostradas as reais necessidades do museu. Esclareceu que as artes visuais evoluíram muito e que necessitam mais do que uma caixinha, que o MAB atualmente está numa região de grande especulação imobiliária e não mais num contexto de isolamento e que por isso não se pode mais enxergá-lo de forma romântica, sendo preciso pensar num projeto que converse com o mundo. Elencando as necessidades do programa disse ser necessário : - uma reserva técnica que abrigue todos os acervos da SECULT; - laboratórios de conservação e restauro; - alojamentos para artistas; - um espaço para esculturas (e lembrou que o Parque de Esculturas pode estar incorporado ao programa do MAB); - haver interdisciplinaridade de linguagens, aliando programas culturais aos artísticos; - pensar no MAB como um local onde as pessoas possam passar o dia inteiro. Declarou que tais necessidades devem ser informadas para viabilizar a realização de um concurso público para o projeto e que agora é o momento de se definir os objetivos. Pedindo a palavra e referindo-se às correções solicitadas para as Atas anteriores, Flavita esclareceu que Ata é um mero instrumento com resumo do que acontece numa reunião e que a Ata ora redigida aqui tinha caráter excepcional, de uma reunião fechada realizada entre os artistas, e que por isso não foram feitas erratas das Atas anteriores, mas retificações e que as Atas serão devidamente divulgadas. Além do mais esclareceu só dever constar de Atas questões sobre o tema da reunião, abstendo-se a mesma de declarações de caráter pessoal. Lembrou que existe um fórum, no qual as pessoas podem se inscrever e participar do debate sobre sobre o MAB, no qual as Atas poderão ser divulgadas. Aberta novamente a palavra, Allan de Lana quis saber como a SECULT estava engajada na discussão e se existe verba alocada para a reforma do MAB e para o Sistema de Museus, além de perguntar sobre o papel formal do MAB. Barja respondeu que é com total anuência da SECULT que se está promovendo essa “catarse” e o principal interessado na revitalização do MAB foi o Secretário de Cultura Hamilton Pereira, que aplaudiu essa exposição e se comprometeu pessoalmente com isso, tanto que levou o problema ao Oscar Niemeyer. Allan de Lana argumentou que a mobilização parece estar sendo só dos artistas e participantes, ao que Barja rebateu falando que a SECULT transferiu para nós essa mobilização. Alegou que a pressão é necessária para a ação, que a SECULT está ciente e de acordo com essa ação de revitalização do MAB, mas que depende de nós dizer como vai ser, onde vai ser. Para ele, não há dúvidas de que há dinheiro, embora isso não seja fácil de visualizar, porque existe um universo de profissionais que não está sendo mobilizado, tais como produtores culturais, iluminadores, museólogos, montadores etc. Na sua opinião, não existem propostas estruturantes para movimentar a cultura, por isso o dinheiro não aparece. Sobre o papel do MAB, falou que é de grande importância, e exemplificou essa importância contando que o Beaubourg, no Centre Pompidou quer trazer uma exposição para cá e levar para Paris uma com obras do acervo do MAB. Reiterou que temos uma grande necessidade de laboratórios de conservação e restauro e que o prédio do MAB é um excelente lugar para isso; que precisamos de uma reserva técnica central que abrigue acervos do DF e também federais, pois a missão do MAB deve ser também a de atender aos demais acervos públicos do DF. Como Barja citou as dificuldades do acervo da Caixa, onde Allan de Lana trabalha, este quis explicar que o acervo foi transferido para o 4o. andar devido a problema de infiltração que, ao ser resolvido, possibilitou o retorno do acervo ao subsolo. Barja esclareceu que a política de acervamento não deve ser estanque, pois a arte serve para contar história, por isso esse um compromisso de um museu que deve ter uma boa política de acervamento, com salvaguarda e comunicação equilibradas. Relatou que Brasília não tem um Prêmio e que se tivesse precisaria de espaço para a guarda das obras premiadas, razão pela qual a produção deve estar associada ao acervamento. Ze Nobre acha que deve se definir qual o MAB que se quer e o que se quer para ele. Para ele, o MAB deve ser uma referência mundial, e não ficar restrita a questão ao MAB, mas retomar o espírito da cidade, para o que os artistas têm que tomar essa frente e fazer isso acontecer. E pergunta: qual o MAB que cada artista tem na cabeça? Apartir daí sugere a retomada do projeto que ele propusera. Glenio Lima propôs definir qual o tamanho deste seminário, pois o que interessa hoje é pensar o projeto do MAB, mesmo sem concluir o projeto maior, visto que temos uma urgência para definir o projeto e poder ir atrás do dinheiro. Para ele, precisamos fazer um cronograma para estabelecer o tamanho do problema. Manoela Oteiro, disse que já ouviu muitas coisas e que isso está parecendo mais uma terapia de grupo, com pessoas retomando mágoas antigas. Barja esclareceu que pode não parecer, mas que os servidores envolvidos estão trabalhando nos bastidores, correndo atrás da documentação, para saber o que realmente pode ser pleiteado e ocupado, e que ele tem um tempo para essas reuniões acontecerem, além do que o programa de necessidades tem que sair dessas reuniões. Para Manoela está claro haver algo bem maior que uma revitalização e que esse projeto inicial deverá ser um marco e um ponto de integração social. Barja, a respeito da proposta do Eustáquio, disse que a área proposta é uma área nobre e que por isso a acessibilidade vai ser uma coisa natural. Falou que existem outras tipologias de museus que não foram contempladas no projeto de Brasília, como o de arte popular, o de arte latino americana, que várias tipologias museológicas não estão sendo contempladas, mas que o MAB tem uma tradição, nos seus 28 anos, possuindo acervo importante que tem que ser repatriado para aquele espaço. Alertou ainda sobre a responsabilidade civil dos artistas com a cultura visual hoje em dia. Manoela relatou uma experiência da qual participou, de um ateliê internacional com estudantes de arquitetura, para a apresentação de uma proposta concreta para a Prefeitura da cidade. Por isso, acha que se deve aproveitar essas três semanas que restam de tempo para se fazer contato com as universidades, que podem contribuir com propostas. Barja dissertou sobre acessibilidade em geral. Julio Cesar Lopes perguntou sobre a cadeia produtiva e sobre a missão do MAB, falando da importância que é defini-la. Contou que mora hoje em dia na Vila Planalto e que trabalhou no MAB, lugar onde se iniciou nas artes visuais. Sobre a acessibilidade, acha que a distância não é impedimento ou obstáculo. Acha importante a reserva técnica, o trabalho com o acervo, as oficinas, os acessos que possibilitem vida própria ao museu, e definir sua missão. Barja falou que teremos que agendar a próxima reunião, mas que teremos que achar o projeto da Andrea, para ser avaliado, que é importante que o programa de necessidades seja definido, e que tem que ser de acordo com o tamanho do terreno que se tem e com a demanda atual. Glenio Lima chamou atenção para a necessidade de definir uma função para o prédio do MAB especificamente. Barja citou necessidades que já foram elencadas, como: museu e escola, com caráter formativo e de incentivo à produção; museu e reserva técnica central, cujas pessoas que trabalham em museus podem trazer contribuições; museu e residência artística, com apartamentos de trânsito para profissionais que venham a contribuir para a arte e o aprendizado; espaço expositivo, para mostras temporárias e de longa duração; espaço para arte proto digital até a digital. Ana Monteiro acha que está faltando praticidade, objetividade e que precisamos saber a qual item desse programa de necessidades o prédio do MAB vai atender. Perpe Brasil acha que se tem que saber quanto de dinheiro se tem. Barja fala que só vamos saber quanto precisamos quando tivermos o projeto. Sonia Montagner pergunta se a comissão já existe. Barja diz que não e sugere se usar o fórum para a discussão das necessidades que ele elencou nesta reunião. Alan e Manoela propuseram a discussão por tópicos, criando 4 grupos de trabalhos: 1) o prédio do MAB e sua revitalização; 2) a extensão do MAB; 3) os jardins do MAB (Parque das Esculturas); 4) como manter vivo esse lugar. A discussão se daria em dois encontros e no terceiro seriam apresentadas as conclusões. Barja esclarece que o levantamento da informação documental não faz parte das discussões e está sendo feito por servidores do MAB. Cirilo Quartim disse que vai colocar no fórum as datas disponíveis para as próximas reuniões e sugere uma reunião no MAB. Barja acha melhor que os grupos discutam sobre as necessidades elencadas e chamou a atenção para o encaminhamento do Glenio de definir qual necessidade o prédio do MAB abrigará. Flavita releu o que fora alinhado para o Programa de Necessidades: 1) museu e escola (com laboratório de pesquisa); 2) museu e residência artística; museu e reserva técnica central; 3) museu e exposição; 4) museu e esculturas; sem esquecermos dos anexos de Restaurante, Café-bar, etc. Barja, então, encerrou a reunião na próxima segunda feira, dia 12 de março, no mesmo local e horário. Nada mais havendo nós (Ana Maria Duarte Frade e Flávia Isa Obino Boeckel) elaboranotamos e elaboramos a presente Ata que vai assinada pelo Diretor do Museu Nacional da República, Wagner Barja.
Brasília, em 06 de março de 2012
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