Um pouco da vida e obra do Artista Plástico Abraham Palatnik, nascido em Natal RN, em 19/02/1928. É um dos pioneiros e a maior referência em Arte cinética no Brasil . Confira, clicando, na imagem abaixo :
CCBB recebe estreia nacional de retrospectiva do artista brasileiro Abraham Palatnik
Abraham Palatnik sabe muito bem o que é não se enquadrar em nenhuma das sete artes conhecidas.
No início da carreira, em um momento da vida em que as inspirações vinham de fora para dentro, Palatnik fez pintura figurativa, retratando paisagens, pessoas e natureza morta.
A forma como enxergava arte mudou completamente quando visitou o Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, levado pelo amigo Almir Mavignier, orientador do ateliê de pintura e modelagem da instituição.
Quando se deparou com as obras dos pacientes esquizofrênicos, com inspirações vinda dos lugares mais profundos do inconsciente, percebeu que a arte era algo muito além do que conhecia até então.
A exposição Abraham Palatnik poderá ser visitada de 23 de abril a 14 de julho de 2013, no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB), local que receberá a estreia nacional da retrospectiva com aproximadamente 90 obras do artista.
O episódio no hospital psiquiátrico, ocorrido em 1948, quando o jovem artista tinha apenas 20 anos, levou-o a refletir como pessoas que nunca tiveram acesso a uma escola de pintura faziam obras tão densas.
“Eu achava que era um artista formado, então resolvi começar de novo. A disciplina escolar já não me servia para mais nada”, reflete o artista, que estará em Brasília para a abertura da exposição. A partir desse momento, com os pinceis deixados de lado e a luz como foco de interesse, o artista aderiu a uma corrente da qual é pioneiro: a Arte Cinética.
Esta será a maior mostra totalmente dedicada a Abraham Palatnik. Obras nunca antes expostas poderão ser vistas pelo público de Brasília. Algumas dessas peças ainda estão em produção e vão compor o acervo como forma de aproximar a população do artista, bem como inseri-la no processo criativo.
Assim, os visitantes poderão conhecer importantes criações para a arte cinética, como o interior de um Aparelho Cinecromático, uma espécie de superfície luminosa que tem a luz como matéria prima. Também poderão entender como se monta um Objeto Cinético, o que ressalta o caráter artesanal de Palatnik.
Um desses objetos, com mais de três metros de altura e dois de largura, ainda em fase de produção, se destaca pelas proporções e demonstra a versatilidade em trabalhar com materiais em diferentes tamanhos e produzir objetos nos mais diferentes formatos.
Os Objetos Cinéticos não pretendem substituir a escultura tradicional por alguma espécie de balé mecânico ao mesmo tempo em que não renunciaram à característica essencial e distintiva da escultura: a construção do espaço.
A obra de Palatnik cria uma forma no espaço pelo movimento, além de confundir e ampliar as fronteiras entre pintura e escultura. Os trabalhos que compõem a exposição vêm de coleções brasileiras, que inclui as do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, coleções particulares, além de obras do atelier do próprio artista.
Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura
Os rumos que levaram Palatnik a trilhar um caminho alternativo e criar algo novo se misturam com sua história de vida. Nasceu em Natal (RN), no ano de 1928, filho de judeus russos. Em 1932, mudou-se para a cidade de Tel Aviv em Israel e, entre 1942 e 1945, frequentou a Escola Técnica de Montefiori, onde se especializou em motores de explosão.
Todo aquele conhecimento tecnológico adquirido teria aplicações que iriam além de consertar válvulas de motores ou carburadores quebrados. A partir de seus estudos sobre psicologia da forma e cibernética, chegou à conclusão de que o artista não deve estar fadado somente à pintura, desenho, gravura ou escultura.
E com essa constatação, começou seus estudos sobre luz e movimento, que deram origem aos Aparelhos Cinecromáticos e aos Objetos Cinéticos, fazendo dele um dos pioneiros da arte tecnológica no mundo.
As correntes artísticas do fim da década de 40 não exerceram muita influência sobre Abraham Palatnik. Assim que retornou ao Brasil, pouco tempo depois do fim da 2ª Guerra Mundial, em 1947, e instalou seu estúdio na casa de um tio, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, Palatnik passou por uma situação inusitada e teve que dar explicações à polícia por denúncia de um vizinho.
“Eu estava mexendo com luzes, arames, e ele achou que eu era um terrorista”, brinca. O objeto, na verdade, era um dos Aparelhos Cinecromáticos. “Me deu essa ideia de fazer alguma coisa em movimento, ainda era com cilindros, umas polias e uma série de artifícios. As ligações eram feitas com barbante, porque eu queria experimentar, mas também sabia que não poderia finalizar com esse material. E o vizinho, com uma luneta, de vez em quando olhava para o quarto, estranhou o que eu fazia e resolveu chamar a polícia”, completa.
A ideia de se trabalhar com a luz surgiu porque frequentemente era obrigado a utilizar velas quando faltava eletricidade em seu estúdio. “Logo depois comprei umas lâmpadas, comecei a ver as sombras e a luz vencendo obstáculos.
E a atividade foi se desenvolvendo. Isso me deu muita energia para prosseguir. Fiz um ‘trambolho’ enorme com lâmpadas colocadas em cilindros que giravam. Usava celofane colorido para mascarar algumas partes do cilindro, como também conseguia realizar movimentos horizontais e verticais”, relata o artista.
O uso que Palatnik faz da tecnologia e suas possibilidades inovadoras imprime em sua arte grande potencialidade poética. Sua originalidade fez com que não somente a classe artística, mas júri especializado direcionasse atenção e surpresa para seu trabalho.
Durante a I Bienal de São Paulo, em 1951, a comissão internacional de premiação se viu diante de um impasse ao qualificar o Aparelho Cinecromático “Azul e roxo em seu primeiro movimento”. Não era uma escultura, também não era uma pintura. Era algo que não poderia ser qualificado em nenhuma das categorias da bienal. A solução para reconhecer aquele trabalho tão original e inovador era dar a ele uma menção honrosa.
Ficha Técnica:
Curadoria: Pieter Tjabbes e Felipe Scovino
Coordenação geral: Art Unlimited
Cenografia: George Mills
Serviço:Exposição Abraham Palatnik
Local: CCBB-Galeria I
Data:23 de abril a 14 de julho
Hora:Terça a domingo, das 9h às 21h
Entrada franca
Classificação Livre
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
http://www.jornaldebrasilia.com.br/site/noticias_cultura.php?ccbb-recebe-estreia-nacional-de-retrospectiva-do-artista-brasileiro-abraham-palatnik&id=465602&secao=V
Vídeo : Repórter Brasil ( Noite )
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