quarta-feira, 2 de maio de 2012

Artes plásticas, artes práticas, lixo e luxo



Artigo
: Élton Skartazini - artista plástico e jornalista

Criar uma embalagem qualquer, ‘dar uma cara’ a um produto, é uma atividade artística. O original, quando pronto, é uma obra de arte inquestionável: com mensagem, programação de cores, formas, equilíbrio... Já sofreu todas as críticas. Tudo criteriosamente elaborado por uma equipe de artistas altamente preparados. São programadores visuais de primeira linha.

Essa obra é multiplicada milhares de vezes por processos mecânicos. É vista e entendida por milhões de pessoas. É consumida juntamente com o produto que envolve. E o que sobra, para onde vai?

O que é feito com o que sobra da obra? É o luxo que vira lixo num curto espaço de tempo. É como “o pôster que não reivindica a posteridade”. São idéias que nascem-morrem-nascem com a mesma pressa das necessidades primárias de sobrevivência humana.

A pressa passa, mas o lixo fica. Daí a pergunta: o que fazer com o que sobra da obra? Quase tudo o que a humanidade produz, a curto ou médio prazo vira lixo. São toneladas e toneladas de materiais que viram montanhas sintéticas, multiformes e coloridas. Gigantescas obras de arte abstratas, cenários pós-modernos, que contam com a participação intuitiva e racional de toda a sociedade.

Os artistas práticos contemporâneos estão aí, às voltas com esta nova ordem: reorganizar os inutilizados utilitários modernos. Novas torres de babel surgem dos grandes lixões. As minerações do século XXI ocorrem principalmente nas periferias dos centros urbanos. A indústria e a arquitetura sofrem profundas transformações e surgem novas ligas químicas decorrentes da reutilização dos materiais. Nós seremos diferentes!

E eu não sou nenhum Nostradamus...

CONVITE: venha discutir e praticar artes plásticas na oficina ‘Do Lixo ao Luxo’, terças e quintas feiras, das 14h às 18h, no Colégio CCI, QN 401, Samambaia/DF.
Contatos: (61) 3048.8200 (CCI - coordenação) e 9908.4963 (Skartazini).



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