sexta-feira, 27 de abril de 2012

Filosofia do Rock - CCBB



Filosofia do Rock é a série de apresentações que o Centro Cultural Banco do Brasil vai promover a partir de abril até novembro, com a intenção de buscar um diálogo entre o rock e a filosofia, traçando afinidades entre obras de nomes importantes do rock e a poética encontrada em suas canções com as principais correntes filosóficas do século XX.

Mestre e Doutora em Filosofia, Marcia Tiburi está à frente dos encontros que terão como convidados alguns destaques do cenário da cultura nacional como Zélia Duncan, Nelson Motta, Thedy Corrêa, Leoni, Wander Wildner e Elisa Gargiulo, que durante os encontros farão a plateia refletir sobre as questões antropológicas e históricas que definem o rock como fenômeno cultural.

O primeiro encontro acontece no dia 25 de abril, com a convidada Zélia Duncan. A cantora vai abordarar o tema “Cássia Eller, filosofia da performance da voz”. Uma das figuras mais importantes do rock nacional, Cássia Eller marcou um lugar no cenário musical destoando das cantoras brasileiras de sua geração, com suas interpretações marcantes e inesquecíveis.

No dia 23 de maio, Nelson Motta fala sobre ‘Rolling Stones e as filosofias malditas’. Certas bandas de rock atingem o cérebro e o coração, outras os pés. Rolling Stones talvez seja a banda mais representativa da cênica rock and roll como afronta à moral, como deboche. Ao mesmo tempo, é uma banda antiga e seus músicos permanecem unidos trabalhando até os dias de hoje. É uma das bandas mais importantes da história do rock e de seu tempo presente e a aparentemente mais esvaziada de significados conceituais. Encenação de certa mística negativa, da profanação da metafísica por meio da liberdade do gozo corporal, ela dialoga com a obra de Georges Bataille e de toda a crítica da moral que entendeu o prazer como meio da emancipação humana.

Tendo ‘Paul Simon, Música e Incomunicabilidade’ como ponto de partida, no dia 27 de junho, o convidado Leoni, cantor e compositor, ajudará a refletir sobre a obra do compositor americano, que ficou famoso com Art Garfunkel com a canção ‘The Sounds of Silence’ nos anos 60. Nome importante do chamado folk rock, Paul Simon, assim como Dylan, foi porta-voz de sua geração, mas, oposto ao outro, não cantou o protesto ou a revolta, mas, sim, fez da canção do rock um instrumento de introspecção. Cantor da melancolia e a da fragilidade subjetiva, da solidão e da delicadeza, Simon é um dos artistas mais sofisticados musicalmente da história do rock. Os filósofos da confissão, de Rousseau a Benjamin, são os convidados para esta conversa sobre a descoberta de si.

Conhecido por fazer parte da banda Os Replicantes, que teve grande importância no punk rock nacional dos anos 80, o cantor e compositor Wander Wildner é convidado de 4 de julho, dia voltado a ‘Sex Pistols, Nietzsche, Música e Filosofia a Golpes de Martelo’. Contra tudo e contra todos, e, sobretudo, contra o poder e sua persona, Sex Pistols é a banda com a carreira mais curta e mais inesquecível na história do rock. Nietzsche, filósofo da provocação, da filosofia a golpes de martelo, poderia ter tocado com o grupo punk.

‘Madonna e Os Paradoxos do Pós-Feminino’ é tema da discussão do dia 22 de agosto, que conta com a presença de Carol Teixeira, escritora, filósofa, compositora e vocalista do Brollies & Apples. Madonna tornou-se uma artista pop, mas sua origem está no rock. Mais precisamente no punk rock que ela entendeu como uma saída da norma, um modo de se desencaixar do sistema. Afinal, Madonna conseguiu ou não contribuir para a evolução da emancipação feminina?

No dia 26 de setembro, Thedy Côrrea, da Banda Nenhum de Nós, volta a participar do projeto, em ‘Rock, Filosofia, Indústria Cultural e Juventude’. O nascimento do rock está ligado ao avanço das tecnologias sonoras, à questão da gravação e da reprodução técnica, mas também da indústria cultural. Música da juventude, mas não simplesmente de pessoas de pouca idade, o rock é a configuração performática de um estilo de vida que envolve um modo de vestir-se, de comportar-se, de ser e de pensar.

A programação avança para o dia 24 de outubro, com o filósofo, sociólogo, psicanalista e escritor Daniel Lins à frente do debate ‘Para Uma Metafísica do Rock: Bob Dylan e Gilles Deleuze’. A canção elevada à suporte para a poesia moderna de Bob Dylan encontra a filosofia do desejo de Gilles Deleuze. Enquanto Deleuze afirma sua filosofia como “criação de conceitos”, Dylan assume-se como “ladrão de pensamento” ou “ladrão de almas”.

Encerrando esta edição do projeto, no dia 21 de novembro, Elisa Gargiulo provoca a todos com o tema ‘O Segundo Sexo de Simone de Beauvoir e a história do Rock’. As mulheres não participam da história política, da arte ou da história do conhecimento senão como sujeitos esquecidos ou dominados em um cenário patriarcal. A história do rock participa dessa história. Ao mesmo tempo, o nascimento do rock é contemporâneo da intensificação do feminismo na segunda metade do século XX a partir da reflexão de Simone de Beauvoir. A ausência e a chegada das mulheres ao rock e do rock às mulheres é uma questão tensa. Embora autorizadas pela contracultura, as mulheres raramente ocuparam o espaço de expressão musical popular que foi o rock. As bandas de mulheres da virada do século nos fazem questionar os motivos desta presença quase rara.

Serviço
Local: CCBB
Endereço: SCES Trecho 2, lote 22
Quando: De 25/04/2012 a 22/11/2012
Horário: , das 20h às 22h.
Preço: Entrada gratuita, mediante retirada de senha, distribuída uma hora antes do início do evento.
Classificação Indicativa: 10 anos.

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