terça-feira, 20 de março de 2012

Exposição Nando Negreiros




Dia 25 de março de 2012, Domingo a partir do meio dia "12:00"
MI 8 conjunto 02, casa 18 B, Atelier Lourenço de Bem.

Essa exposição é uma espécie de retrospectiva anunciando o retorno das atividades desse artista brasiliense de reconhecido valor na produção de objetos de arte, esculturas e pinturas. Nela será apresentada uma pequena parte de suas antigas obras. Um conjunto de trabalhos de épocas e fases anteriores, que ainda estão em posse do artista ou de alguns de seus amigos próximos.

O espectador vai se deparar com obras mais atuais, dentre as quais se encontram reciclagens de alguns seus próprios trabalhos, através da utilização de um novo figurino para a reapresentação de seu antigo tema de produção artística: a reciclagem. Conceito que além de traduzir o seu fazer artístico e classificar o conjunto das técnicas que utiliza na elaboração de seus trabalhos, passa a funcionar como referencia a seu estilo.

Assim na obra de Nando Negreiros joga-se com os conceitos de técnica e estilo de maneira a atribuir o sentido de estilo a o que antes se prestava a significar apenas um mero conjunto de técnicas. Com isso percebe-se a elaboração de um belo movimento de reorganização, manipulação e re-arranjo de conceitos e criação de novos sentidos; outra característica central no fazer artístico do Nando Negreiros.

Talvez possamos entender essa exposição como o resultado de uma lapidação, evolução, ou amadurecimento de um estilo. E também como a demonstração de uma reciclagem, tanto da obra e do estilo do artista, como a reciclagem da pessoa que é o artista (Nando Negreiros).

Telefones Para contato:
Atelier Lourenço de Bem: 061 34091453; e Nando Negreiros: 061 96315995 – 061 82294683

Blogs dessa exposição:
http://nandonegreiros2012.blogspot.com/

Link para álbum de fotos no picasa:
https://picasaweb.google.com/102334688264013228680/ExposicaoNANDONEGREIROS2012?authuser=0&feat=directlink

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A colisão emocional com os objetos, produz obras de arte… Esta seria uma primeira impressão de uma qualquer sensibilidade estética genuína confrontada com a exposição do artista Fernando Negreiros Janot. O “passeio” lúdico e inteletual entre vários ready-made reciclados sensorialmente através de vários contextos emocionais projetados pelo olhar do público, propõe um desafio em penetrar a “marginalidade” da matéria, a subjetividade dos objetos. A técnica de bricolage torna-se um poiesis da hibridação do material plástico compósita (papel, têxteis, adesivo, agua, tinta de vinil, tinta asfáltica, tinta óleo, vidro, metal, madeira e fogo) que siga uma atitude estética claramente definida pelo artista: criar à partir de qualquer elemento da realidade que transparece pelo próprio corpo num esforço fenomenológico contínuo. A arte seria então um resultado deste passeio exuberante numa realidade “reescrita” pela sensorialidade, um spaziergangwissenchaaft (termo alemão para a ciência do passeio), reciclando visões ontológicas, alternativas e virtualidades dos objetos no plano imanente e estético. O horizonte emocional medíocre configurado pela veiculação abusiva dos arte factes no pós-moderno ambiciona o artista Fernando Negreiros na criação de “mascaras mortuárias” para esta realidade do indistinto ontológico, de faustiana alternância entre ser e não-ser. A mascara de papel-maché envolvendo garrafas, seria um embrulho inteletual para a transparência dos sentidos estéticos, das interpretações superficiais veiculadas fora de qualquer tocque emocional. O vidro, uma matéria sólida amórfica, redefine a sua essência através da cromática refinada com técnicas onde se utiliza o fogo: a transição do líquido para sólido reescreve o processo entrópico do ato criativo. O vidro torna-se a lente otica do artista que “eviscera” um possível espectador, refletindo dramáticas metamorfoses oníricas de uma psique dissonante. O contemplar no vazio destas garrafas “embrulhadas” em materialidade torna-se um “stress” gravitacional, impedindo o olhar de levitar através das transparências. As garrafas transformam-se desta maneira em “garras” do olhar e do espírito, tomando formas ilusórias de telescópios invasivos na mente fascinada do qualquer Narcis reinventando no vortex do seu reflexo: as formas helicoidais do papel maché “acumulam”, num movimento infinito, corpos abandonados durante o ato estético espontâneo. A geometria ótica do vidro, surpreendida em refletir e refratar a luz, reinterpreta uma geometria espiritual do exercício artístico, seguindo uma partitura hierofanica do objeto simples e usual (a garrafa) que se torna o recipiente do sagrado. Uma camada suave de matéria, a massa de papel maché, envolve como um útero uma transparência frágil, uma moldura materna que transfigura a garrafa, numa fonte inesgotável de interpretações psicanalíticas, entre revelar e camuflar, entre construir e desconstruir falsas alternativas em busca da própria identidade: “Minha transparêncidade enfoca a dramaticidade dos pregos que me suportam”, disse o artista num esforço paralelo de escrita ao ato de plasticizar o próprio ser.  
                                                                                                                        (Simona Vermeire).

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