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“O popular é um dos infinitos capítulos da atividade estética”
Pietro Maria Bardi
A exposição que Clóvis Júnior nos apresenta, nesta oportunidade, é resultante de mais de um quarto de século de empenho do artista em aperfeiçoar-se tecnicamente e realizar pesquisas, que o habilitaram a registrar, de maneira muito peculiar, as tradições populares brasileiras, especialmente as de sua terra natal, a Paraíba.
Por estar inserido, de fato, no contexto que reproduz em suas obras, ele tem uma visão privilegiada dos ricos valores simbólicos do patrimônio cultural que o circunda, o que lhe garante a materialização de obras distanciadas de estereótipos apressados e redutores da pluralidade cultural de seu torrão.
Com suas criações sensíveis e originais, Clóvis faz uma mediação muito competente entre o público que frui esteticamente suas obras e o universo protagonizado por brincantes dos folguedos populares, pelas pessoas ditas comuns, pelo devotamento religioso popular e por elementos de uma mitologia inesgotável e profundamente telúrica.
Colorista notável, o artista ancora-se, principalmente, nas cores quentes. São elas o estímulo inicial para buscarmos mais sentidos nas obras observadas. Há, ainda, o refrigério e o intimismo proporcionados pelas cores frias. É essa habilidade do artista no trato com a paleta, aliada a um senso de composição em que predomina a intuição, que nos tornam cúmplices do artista na revelação de um universo prenhe de lirismo e de códigos culturais compartilhados coletivamente. Clóvis empunha, obstinadamente, seus pincéis pela permanência em nossos corações e mentes da pulsante cultura popular brasileira.
De maneira magistral, e com o intuito de tornar mais visíveis seus registros pictóricos, o artista alia-se ao sol, cuja luminosidade reina soberanamente em seus quadros, salientando a riqueza do imaginário popular brasileiro, que o artista tão bem documenta, permitindo-se acolher, naturalmente, a fantasia, o lúdico e as licenças poéticas, que tanto enriquecem nossa fruição estética e nos enchem de encantamento.
Augusto Luitgards
Curador
Período da exposição: de 20/9 a 6/10/2011, de segunda a sexta-feira das 9 às 17h
Coquetel de abertura: dia 20/9/2011, às 19
Local: Câmara dos Deputados – Espaço Cultural Zumbi dos Palmares
(entrada pelo estacionamento da chapelaria)
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