Ibram prepara edital de R$16,8 milhões
Autor(es): Suzana Velasco - O Globo - 09/07/2011
Instituto Brasileiro de Museus destinará *R$1,4 milhão* à aquisição de obras inéditas de dez artistas contemporâneos.
Desde que foi criado, em janeiro de 2009, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) fez uma série de encontros com artistas, críticos e curadores pelo país, nos quais uma das principais reclamações foi a falta de uma política de aquisição de obras de arte para os museus federais, muito dependentes de doações. Dois anos e meio depois, já estruturado, o instituto do Ministério da Cultura começa a concretizar algumas ações, e a aquisição é uma delas. Ela estará contemplada num edital que o Ibram prepara para o mês que vem, destinando R$16,8 milhões a projetos que incluem a modernização e a criação de museus.
Desse programa, quase R$1,4 milhão será destinado a dez artistas, que, escolhidos por um grupo de curadores, terão um ano para produzir uma obra para o instituto, que vai destinar os dez novos trabalhos a museus fora do eixo Rio-São Paulo.
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O INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS E A ARTE CONTEMPORÂNEA*
Sem ouvir os artistas visuais através de suas entidades, sindicatos e associações o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) anuncia um edital para selecionar dez artistas escolhidos por um grupo de curadores, para produzirem obras de arte contemporânea para os museus do IBRAM.
Não nos parece uma iniciativa democrática nem é a prioridade para amenizar a defasagem dos museus com relação à arte contemporânea e distância entre os artistas.
Levantamos as seguintes questões:
1 - O problema começa com a indicação do grupo de curadores que vai privilegiar os dez artistas.
2 - Somos um País de dezenas de artistas contemporâneos, muitos que moram em regiões distante dos grandes centros desconhecidos dos curadores e com trabalhos e sem o reconhecimento das instituições como esses artistas vão competir nesse edital?
3- Por que o IBRAM não vai aos ateliês dos artistas dos estados e/ou regiões, que apresentam uma produção de décadas de trabalho, dedicados à pesquisa artística?
4- O que o IBRAM entende por arte contemporânea? Qual o critério?
5- Será que os museus dispõem de condições de armazenagem e equipe técnica para expor e preservar o acervo?
É muito fácil uma política de cultura num gabinete como se a arte e a cultura fossem coisas imaginárias, sem materialidades, objetos de interesses de burocratas que desconhecem o pensamento e as necessidades dos artistas e das comunidades.
SINAPEV-BA
Sindicato dos Artistas Plásticos e Visuais da Bahia
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Opinião de arttista pernambucano:
Os museus do Nordeste não possuem sequer acervos importantes dos artistas belasarteanos, nem dos modernos, de nossa região. Com o dinheiro que será pago para qualquer um dos artistas contemplados neste projeto se adquiriria um notável acervo de gravuras nordestinas ou de artsistas nordestinos de grande importância para nossa cultura, a cultura local que, ao que parece, não é objeto de interesse neste projeto.
Com o dinheiro destinado a apenas um destes artistas se poderia resolver, por exemplo, os problemas das reservas técnicas dos museus de Pernambuco.
Infelizmente com este novo Ministério se observa que toda a política cultural, que se conseguiu descentralizar no governo Lula, está de novo centralizada em Brasília.
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